sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Gina em: O Estranho

O curitibano acordou naquela manhã com um bocejo que quase engoliu Curitiba e região metropolitana de tão imenso, realmente não queria sair da cama, mas escovou os dentes, lavou o rosto e foi-se corredor abaixo acordar a filha para o café e recomeçar a rotina de sempre, contudo, ao passar pelo banheiro viu que tinha alguém estranho sentado em suas dependências sanitárias, assim, de porta aberta mesmo.

Pensou primeiramente em ralhar com a filha. O que era isso agora? Trazia namorados e nem avisava antes? Depois, pensando bem, aquele sujeito era meio estranho, estava acustumado com os namorados da filha serem realmente seres anômalos, mas aquele fugia a todo e qualquer padrão de estética que conhecia dela.

Decidiu de fato ir conversar com a menina, afinal, queria saber quem era o sujeito mesmo, contudo, ao chegar ao quarto dela encontrou um bilhete avisando que ela havia saído bem cedo para uma entrevista de emprego. Ela nunca deixaria um namorado sozinho com o pai na casa, sabia que ele era super-ciumento e super-protetor, temia sempre que houvesse algum atrito. "E quem era aquele sujeito no banheiro então?" e voltou ao banheiro com um taco de beiseball só para garantir.

O sujeito continuava lá, sentando no vaso sanitário, nem se mexeu com a visão do taco de beiseball. Simplesmente apontou amigavelmente e disse:
— Bziiiiii

O curitibano já não fazia idéia do que estava acontecendo, mas reparando bem, aquele cara tinha os olhos um pouco juntos demais, as orelhas longes demais, possuia um estranho tom de pele, um pouco amarelo demais e os olhos tinham um tom acinzentado. Lia uma revista de ponta cabeça e tinha uma expressão de curiosidade extrema nos olhos Não podia ser deste mundo, mas estava muito próximo de ser. Era um ET em pleno vaso sanitário curitibano.

Quando ele chegou a esta conclusão, apavorou-se completamente, queria que nada de diferente tivesse acontecido, não sabia reagir a imprevistos, muito menos como falar com estranhos, ora, ele era curitibano, não era de sua natureza mesmo a sociabilidade, ainda mais com seres de outros planetas.

Tentou por alguns instantes ligar para a polícia, mas desistiu da idéia assim que atendente perguntou qual era a ocorrência. O que diria? Certamente não poderia dizer que havia um ET em seu banheiro e o nervosismo era tamanho que não conseguiu formular outra hipótese. Pensou também em vender a casa com ET e tudo, mas depois teria problemas para mostrar a casa. A outra alternativa era tentar manter um contato, mas isso era extremamente complicado, ainda mais para ele, curitibano-nato. Decidiu simplesmente ir trabalhar e deixar o ET lá mesmo e torcer para encontrar a casa íntegra depois.

Alguns meses e anos se passaram desde aquele dia. Contou o ocorrido para a filha e junto dela tentou todas as hipóteses possíveis, menos o contato, para tirar o et do banheiro, porque desde aquele dia ele não se moveu um centímetro sequer do vaso, mas nada funcionou, tentou benzedeira, pai-de-santo, fez despacho, rezou novena, foi em todos os lugares possíveis e nada do ET voltar para seu planeta. Até que decidiu tentar o contato, era um sacrifício, mas ele queria seu banheiro de volta a todo custo, ao mesmo tempo que estava fascinado com o novo inquilino.

— Oi. Boa tarde senhor Et! Tempinho estranho né? - balbuciou meio nervoso
— Bziiiiiiiiiiiiiiiii bzeeeeeeeee!
— Bom, não querendo ser chato com senhor, mas sabe, este é o banheiro da minha casa e já faz quase um ano que senhor está sentado aí, apertando os shampoos, ligando as torneiras. Não que o senhor seja uma má compania, mas eu fico um pouco incomodado em não oferecer melhores aposentos. Sei que a sua civilização é super desenvolvida, já até li por aí que foram vocês que trouxeram as pirâmides do egito e outras coisas. O senhor aceita um café?

E o ET sumiu, sumiu mesmo, não deixou pó, nem rastro, nem souvenir, depois de tanto tempo na cidade ele já tinha adquirido alguns costumes, algumas maneiras e vícios, tinha virado por assim dizer, curitibano. E aquela história de conversar assim a troco de nada não lhe parecia muito natural, então foi embora, saiu correndo apavorado de volta para seu planeta.

E o outro curitibano ficou se perguntando porque demorou tanto para tentar conversar com ele.

2 comentários:

Ivan Grycuk disse...

Lembrei daquelas tirinhas do Dr. Pepper que no final dizem:

- É sério isso?

A sorte do cara é que o ET tinha virado curitibano... talvez se ele tentasse fazer o contato antes o ET mataria todo mundo... vai saber?!

Ah, Dona Gina... sono, muito sono!!

Um beijo.

Ivan Grycuk disse...

"Blog da Gina!

Vai Gina!!

Blog da Gina!

Vai Gina!!

Blog da Gina!

Vai Gina!!"


Gina?!